NÃO SOU GAY - CAP. 6

     Meu celular começou a tocar ao meu lado, completamente bêbado de sono ignorei a primeira chamada. Com pouco esforço fiz da música parte de um sonho e voltei a ninar. Quase doze segundos depois, não sabia exatamente o tempo, ouvi novamente o celular despertar. A música me fez sonhar com uma peça de Shakespeare que minha mãe me levou quando tinha apenas cinco anos de idade, foi nessa época que meu amor pelo Teatro nasceu. Foi então que a ficha caiu. O teste para a peça do Peter Pan iria acontecer naquela noite e eu estava morrendo em minha cama. Acordei assustado e suando, peguei o telefone como se fosse uma chamada de vida ou morte, na verdade seria minha morte, se fosse alguém me ligando para dizer que já haviam conseguido um ator para o Peter e que para mim só restará ser a árvore.

“Alô” atendi tremendo. Era Teylon, meu amigo ruivo e amante de Brad Pitt.

“Rafa, pelo amor da Angelina Jolie, onde você está?” Teylon tinha o triste hábito de dramatizar tudo, mas naquele momento, em especial, eu estava partilhando de seu drama.

“Na cama, achei que precisava de um cochilo, mas quase entro em coma. Que horas são?” indaguei rezando para Buda, o Deus que acredito, para que não fosse oito horas. Os ensaios aconteciam sempre as oito horas da noite, por esse motivo os testes para a peça também iriam acontecer nesse horário. E Lara, nossa diretora, não aceitava atrasos, e de qualquer modo, se fosse muito tarde, alguém estaria ostentando o papel de Peter Pan. A peça mais esperada do começo do ano!

“Está na hora de tirar esse corpo artístico da cama e correr pra cá!” olhei para o relógio ao lado da minha cama, eram 8:26, talvez, apenas talvez, ainda houvesse tempo. “Lara não chegou, parece que a mãe dela, ou pai, passou mal. Então corre!”

Desliguei o celular e o joguei sobre a cama. Ainda estava com o uniforme do Colégio e meu rosto estava coberto de babinha seca, quem manda chorar até dormir! Corri no banheiro, joguei minha roupa no cesto, catei a escova de dente, enquanto escovava os dentes, joguei água no meu cabelo e tentei deixá-lo penteado, o que não mostrou resultados e o deixei espetado em todas as direções. Após sair do banheiro, vesti uma camisa e uma calça, o tênis teria que ser o mesmo. Em cinco minutos eu estava pronto, vestido e cheiroso. Não passei no espelho para admirar meus 70 quilos distribuídos em um metro e oitenta. O cabelo loiro, a pele clara e os olhos azuis, que deveriam estar vermelhos do choro, mais um motivo para evitar o espelho.

“Mãe, preciso da chave do seu carro!” pedi para ela. Minha mãe, Paola, era uma mulher de 40 anos, com cabelos loiro-castanho e um pouco a cima do peso. Por sorte era alta e isso não era tão evidente. Usava óculos de grau, e eu temia logo ter que usar também. Ela estava vestindo uma calça de lycra e uma camisa muito apertada no peito. O tênis da Nike brilhava de novo em seu pé, era o primeiro dia que ela iria correr para tentar voltar ao deu peso normal.

“Está na cozinha” respondeu ela sorrindo para mim. Mamãe veio até mim e me deu um longo beijo na bochecha. Depois de passar um pouco de brilho nos lábios ela correu para a porta e não a vi mais.

Fui correndo a cozinha, para meu azar meu pai, Júlio Cezar, estava parado na bancada de mármore, tomando um copo da vitamina que mamãe havia preparado. Meu pai tinha um metro e noventa de altura, esperava ficar alto como ele, seu cabelo era extremamente negro, contudo tinha os olhos azuis, os mesmos olhos azuis que eu tinha. Ele estava usando um calção de futebol e chinelos, apenas isso. Meu pai era redator em um jornal e era forçado a vestir roupas como camisa apertando o colarinho, calças sociais estranhas e sapatos fora de moda. Por esse motivo gostava se ficar mais relaxado em casa, mostrando seu peito liso.

“Preciso falar com você” disse ele, no momento em que pisei na cozinha, nem ao menos olhou para onde eu estava. Imagino da seguinte forma: quando os bebês nascem, os médicos perguntam se os pais gostariam de ter a opção GPS. Se o pai disser que sim, os médicos instalam um rastreador na criança e um monitor no cérebro dos pais. Só isso explicaria os pais souberem exatamente onde os filhos estão e quando eles chegam.

“Comigo?” engoli em seco. Será que o professor havia sido pego? Marcus teria me desobedecido e contado a história para mais alguém? Seria o próprio professor quem conversou com meu pai? Eu estava com medo e não poderia demonstrar medo, engoli em seco e lembrei a mim mesmo: você é um ator, faça sua melhor cara de inocente.

Dei um sorriso do tipo, “poxa, o que quer falar comigo?”. E abri a geladeira, não estava pensando em nada especifico, mas parte da atuação era quebrar o contato visual com meu pai, então fiquei mexendo nas coisas dentro da geladeira.

“Sim, filho. Alguém ligou dizendo ser da sua escola enquanto dormia, por isso não quis ir incomodá-lo....” ele não estava gritando, o que era um mal sinal, o pior de todos, pois se fosse alguém ligando para dizer que eu matei aula, ou algo do tipo, ele simplesmente iria gritar comigo para nunca mais fazer aquilo.

Olhei no relógio na cozinha. Meus pais tinham mania de relógios, em todos os cômodos poderia se encontrar um, e se olhasse com atenção, descobriria outro.

“Pai, tô mega atrasado para o teste. Podemos conversar quando eu voltar?” minha chance era agora. Se ele dissesse que sim, a coisa não era tão séria. Contudo mesmo se fosse o próprio professor que tivesse ligado, meu pai iria querer pensar melhor no assunto e me deixaria sair. Não tinha como ter certeza de qualquer coisa e eu estava ficando cada vez mais nervoso.

“Tá” meu pai tomou o resto que estava em seu copo e continuou me olhando.

Peguei as chaves correndo e fui para a garagem, pensando no que meu pai tinha para me falar. Liguei o morto, dei marcha ré e corri para o Teatro Municipal. Era algo relacionado ao colégio, mas eu não havia feito absolutamente nada, e não havia reuniões, palestras, o que só deixava uma coisa em aberto: o episódio com o professor de história.

O pior de tudo era saber que caso eu viesse a ser descoberto, forçado a me assumir para minha família, meus pais iriam me colocar para fora de casa. Muitas vezes eles diziam, ao ver alguém beijando outra pessoa do mesmo sexo, na tevê ou na vida real: “eu nunca vou aceitar essa baixaria”, “se eu fosse o pai desse sem vergonha o colocava para casa”, “esse povo é cria do demônio”, e outras coisas que me deixavam triste. Eu sabia que não eram apenas palavras, claro que não. Eles realmente tinham essa capacidade. E já fizeram isso, não com nenhum irmão meu, mas meu primo. Um primo distante se assumiu para os pais, eles não sabiam o que fazer, bastou uma visita dos pais a casa do meu tio, por parte de pai, e no outro dia o meu primo estava morando na rua.

Eu queria fazer um curso de teatro avançado, queria terminar o colegial, ser expulso de casa resultaria no possível fracasso de minha futura carreira como ator.

Foi pensando nessas coisas que por um segundo não entrei na traseira de um carro no sinal vermelho. Disse para mim mesmo parar de ficar pensando e prestar atenção no transito. Isso afastou os pensamentos sombrios e consegui chegar inteiro ao Teatro.

O local era uma construção antiga, do século 18 e não havia sido reformada desde então. Tudo para deixar o prédio original. O estacionamento, que obviamente não existia no século 18, foi construído ao lado do Teatro, um grande espaço para os carros. A distância entre o estacionamento e o local dos testes me rendeu uma boa corrida. Bati a porta do carro e sai em disparada. Eram 8:47 da noite, os ensaios iam até as 10 horas da noite, o que significava que havia apenas uma hora para fazer o teste, se a diretora já não houvesse chegado.

Quase estourei a porta do anfiteatro passando por ela correndo. Os colegas de turma, de teatro e alguns conhecidos estavam todos espalhados pelo palco, nas primeiras filas e andando pelo local. O teatro era mantido com uma pequena verba do governo e não havia substitutos para diretora ou qualquer outro membro. Então todos tiveram que esperar por ela.

Encontrei Teylon andando de um lado para o outro atrás do palco. Ele estava com o texto na mão, a passagem em que Gancho captura o Peter. Meu amigo tremia como vara verde. Ao vê-lo abri um sorriso e me aproximei.

“Achei que já tivesse acabado” disse, ou melhor, tentei dizer. Corri tão desesperado que as palavras mal saíram de minha boca. Repeti a frase, tendo certeza de que ele não havia entendido nada.

“Antes tivesse realmente acabado, toma” Teylon me entregou uma cópia do seu texto. Ele começou a ler sua parte, onde o Gancho, como qualquer vilão estúpido, começa a descrever detalhadamente seu plano diabólico, que na verdade nunca tem nada de mal. Depois de muita conversa, finalmente Peter tem sua fala, onde chama os Garotos Perdidos e começa a lutar contra Gancho e os pitaras. As falas eram curtas e simples, mas com palavras que ninguém usa em um dia normal e por isso Teylon estava tão nervoso para decorá-las. O mínimo que se espera de um ator, mesmo que adolescente fazendo peças para o colégio, é que ele decore suas falas, então ele precisava decorar o texto antes que Lara chegasse.

 “Vamos do começo, eu faço sua parte e você faz a minha, talvez com outra pessoa falando você consiga decorar mais rápido” sugeri.

“Talvez possa dar certo” e assim fizemos. Quando terminávamos trocávamos de papel.

Já eram 9:12 quando Lara, a diretora, chegou ao teatro. Alguns dos possíveis Peter Pans já haviam ido embora, desistindo de esperar. O que me deixo mais aliviado. O que não foi o caso de Teylon, todos os possíveis Ganchos permaneceram no teatro.

“Mil desculpas, pessoal. Realmente sinto muito pelo atraso” a diretora se posicionou no meio dos assentos, onde tinha uma visão de todo o palco. “Bom, vamos começar. Primeiro quero ver as atrizes que vão realizar o teste para Sininho”.

Aquele não era o primeiro teste para a peça, dois outros haviam sido feitos. Por esse motivo agora estavam apenas as pessoas que a diretora acreditava realmente ter algum potencial.

A primeira garota a subir no palco, enquanto todo o resto ficou atrás, esperando por sua vez, realmente era uma “Sininho”, nas orelhas haviam brincos enormes e barulhentos, não tanto quanto suas pulseiras, inúmeras pulseiras de metal que faziam muito barulho enquanto ela se movimentava. Não estou criticando ninguém, longe disso, afinal eu era apenas um garoto metido a ator, que mal sabia fazer qualquer coisa, mas devo descrever o que aconteceu naquele dia e não foi nada agradável. Ela havia se preocupado demais com a pulseira que esqueceu de decorar as falas e a todo momento voltava a olhar o texto.

“Já chega, muito obrigada, próxima!” gritou a diretora, eu não a estava vendo, de onde estava tinha apenas visão da garota, mas ela deveria estar com uma expressão nada meiga.

A segunda garota deve ter errado a porta de “teatro” com “balada vip”. Ela estava usando uma blusa decotada demais e com muita maquiagem. O cabelo estava meio preso, meio solto, não tinha certeza do que ela tentou fazer. No momento de falar, ela foi bem e a diretora a deixou ir até o final. Depois disse:

“Ficou legal. Poderia fazer de novo, mais lento e com um pouco mais de entonação?”

“Quem você pensa que é para mandar em mim?” disparou a garota cuspindo veneno. Obviamente a diretora mandava e desmandava em qualquer um em cima do palco. Todos ficamos olhando a cena e rindo. “Eu faço o que eu quero e como quero. Porra! Ninguém manda em mim” gritou ela, saindo do palco.

“Próximo!”

As duas garotas seguintes se mostraram boas e ouviram o pedido da diretora, uma falando mais rápido e outra mais alto. Elas estavam vestidas de acordo e a postura foi boa. A dúvida ficou em qual delas teria o papel.

Logo após a Sininho, veio a Wendy. Todas as garotas presentes pareciam estar ali exatamente para esse papel. A fila de candidatas foi a maior de todas. E tirando uma garota que esqueceu a fala e travou no meio do teste, todas as outras se mostraram ser realmente boas. Porém apenas uma delas chamou minha atenção, e aparentemente de todos.

Ela se apresentou a diretora como Camylla. Tinha o cabelo liso e castanho, caído no ombro. Vestida um tênis Adidas cinza, uma blusa cinza e uma calça jeans rosa bem clarinho. Usava pouco batom nos lábios vermelhos e disse as falas com perfeição. Ao final da apresentação de Camylla uma coisa inédita aconteceu, a diretora se levantou e bateu palmas para a garota e anunciou que havia encontrado sua Wendy. Isso nunca havia acontecido. Naquele mesmo instante todos os outros, até mesmo eu, devo admitir, ficamos com inveja da garota e de nariz torto quando ela passou por nós.

Com a Wendy, grande coisa, finalmente encontrada, o próximo papel foi o do Gancho. Teylon me olhou como um cachorro atropelado ao ir para o palco. Eu fechei os olhos quando ele começou a falar. Mas logo tive que abrir e me beliscar para ter certeza que não estava sonhando. Havia esquecido que Teylon era bom. Ele nem parecia ter ficado nervoso minutos antes. Ao terminar a diretora não mandou ele falar alto, rápido, em outra entonação. Entretanto também não o pediu para que parasse. Acho que ela tinha gostado dele.

Outros garotos fizeram o teste, um deles chegou a se vestir de Capitão Gancho, o que não era aconselhável. Pois a diretora estava pensando em renovar a peça e ele se manteve preso ao personagem principal. Ele foi bom, todavia foi aquilo que ela estava fugindo. Isso o impediu de continuar.

Depois do Gancho vieram vários outros personagens. A mãe e o pai de Wendy, os irmãos, os Garotos perdidos. A diretora deixou Peter por último, de propósito. Enquanto via todos irem ao palco e finalmente acabar co sua angustia eu ficava olhando tudo, mordendo os lábios. Mil anos depois, todos já haviam feito seu teste, e apenas Camylla sabia que havia conseguido o papel.

“ Já são mais de dez horas “ me disse Teylon. Como se eu precisasse de mais nervosismo!

“ Mas acho que ela vai continuar “ disse tentando acreditar em mim.

“ Bom. Todos foram ótimos. Agora, para finalizar nossa noite, vamos ao teste do Pan “ disse a diretora.

Dois garotos se posicionaram ao meu lado. Um deles parecia simpático e sorriu para mim.

“ Boa sorte “ eu disse, estendo a mão para ele.

“ Para você também “ retribuiu o outro. Ele ela bonito, a pele morena, os olhos castanho brilhavam de ansiedade. Estava usando camisa e calça jeans, tudo em um tom verde, como a roupa do Peter. Como eu fui idiota. É claro que eu não deveria ter usado a fantasia, como o notório Gancho, mas poderia usar a cor da personagem! Assim seria impossível não olhar para mim e imaginar que eu realmente era perfeito para o papel. Não conhecia o garoto, ele deveria ser de outra turma, mas deduzi que era muito inteligente.

O outro concorrente era um garoto gordo. Não estou fazendo bullying, ou dizer que o outro garoto era lindo também seria um bullying. Enfim, era um garoto gordo e de expressão nada agradável, arrogante demais para o papel. Peter era um personagem alto-astral. Desejei que o garoto fosse um bom ator e pelo menos tentasse sorrir, ou teria grandes dificuldades de conseguir o papel. E visto que, quem quer que fosse ganhador do papel, teria que ficar suspenso em diversos momentos da peça por cabos de aço, não acredito que o gordinho tinha grandes chances.

O primeiro garoto, o genial, subiu no palco e meu medo por ele cresceu ainda mais. Assim como Camylla e Teylon ele era perfeito para o papel, falou tudo com tanta vontade que o vi ganhar o papel. Já o segundo garoto, foi um fiasco desde o começo ao fim. Ele ficou nervoso e não conseguiu falar direito, havia descorado todo o texto, mas não disse nada.

“ Próximo.

Minha vez, o último, por ter chegado atrasado, finalmente chegou.

“ Vamos lá Rafa, mostre seu talento “ disse Lara, ao me posicionar no palco. Respirei fundo, fechei os olhos e segurei as mãos. Em alguns segundos fingi que não estava no palco, que estava em casa ensaiando sozinho. Imaginar não estar sendo avaliado me ajudava a deixar o nervosismo e falar tranquilamente, como se fosse o personagem e não alguém tentando copiá-lo. Terminei o texto imaginando que o primeiro garoto já era o novo Peter Pan. Realmente eu iria ficar como uma árvore. Antes de dar o primeiro passo para sair do palco, esperei a diretora se levantar e dizer que o papel era meu, mas não aconteceu.

“ Muito obrigado a todos “ foi tudo o que ela disse.

No momento em que fiquei no palco esperando as palmas, eu vi Marcus sentado na primeira fileira. Ele viu meu teste? Graças a Buda que eu não o vi, ou teria travado no meio do teste.

Marcus abriu um sorriso para mim. Retribuiu o sorriso. Nem mesmo Thales havia assistido a um teste meu. E Marcus estava ali, me vendo. Levantei a mão para acenar para ele. Foi nesse momento que Camylla passou ao meu lado e pulou do palco para o piso inferior, onde Marcus estava. Ele não havia sorrido para mim, mas sim para ela.

Afinal, quem era Camylla? Eu nunca a tinha visto antes.

Marcus abraçou a garota pela cintura e ambos deram um beijo longo e com certeza muito molhado. Eles estavam namorando ou ficando. E Marcus foi assistir ao teste dela, ficou sentado enquanto eu fazia meu teste apenas para esperá-la.

Me virei de costas, querendo enfiar a minha cabeça no chão e quebrar minha mão. Por ter acenado para ele.

“ Ei, Rafael! “ alguém me chamou da plateia. Só poderia ser uma pessoa: Marcus.

Caminhei até a borda do palco e, diferente da garota, usei as escadas que ficavam nas lateais do palco.

“ Oi “ disse para Marcus, assim que me aproximei dele. Os dois ainda se beijavam e estavam abraçados.

“ Pensou melhor naquele assunto? “ indagou Marcus, olhando diretamente em meus olhos. Do que ele está falando? Fiquei completamente bobo e perdido quando ele me encarou. Seus olhos eram absolutamente lindos, e me encarar daquele jeito não ajudava muito. “ O colégio “ continuou Marcus, vendo que eu fiquei em silêncio, finalmente lembrei do professor de história.

“ Pensei, e acho melhor deixar como está. Não falou nada com meu pai, falou?

“ Acha que eu dou dedo duro? “ disparou Marcus, se afastando de Camylla e levantando sua voz.

“ Não acho nada, apenas estou perguntando.

“ Parece que está me acusando “ Camylla, parecendo estar vegetando e alienada a nossa discussão (naquele momento me indaguei seriamente se ela tinha algum problema de cabeça, pois só ficou abraçada com Marcus e não deu indícios de ter me visto chegar ou ficar ciente que ele estava conversando com outra pessoa, ela) simplesmente o segurava e o beijava, no rosto, nos lábios, no pescoço. E aquilo, somando o papel dela, me estressava.

“ Pois não estou “ disse mais hostil, ou o que eu pensava ser hostil.

“ Quer saber, vá se foder. Seu moleque metido e gente grande. Acha que pode lidar com isso sozinho, mas não pode e quando perceber isso, vou ir muito.

“ Vá se foder, vá se foder “ imitei a voz de Marcus, com sarcasmo. “ A mamãe só te ensinou a dizer isso?

“ Não, ela também me ensinou a dizer: viado do cu frouxo!

“ Cu frouxo tem sua avó “ e novamente Marcus veio para cima de mim. Teylon deveria estar bem perto de nós, pois foi o primeiro a segurar Marcus para que ele não me desse um soco na cara.

“ O que foi putinha? A vovó tá com o cu muito frouxo? “ disse, cansado do comportamento idiota de Marcus.

“ Amanhã conversamos no colégio “ ameaçou ele, tirando os braços de Teylon de cima dos seus ombros. Marcus chamou Camylla ambos foram embora, de mãos dadas.

Fiquei com raiva de Marcus e da garota por um longo tempo. Quando cheguei em casa ainda sentia o rosto arder de raiva. Meu pai estava me esperando na sala, como eu havia pedido. Naquele momento o medo dominou a raiva e me vi preso novamente.

Se Marcus estivesse dizendo a verdade e não disse nada a ninguém, então quem havia ligado para meu pai? Será que eu seria expulso de casa, se fosse algo relacionado ao professor?

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