NÃO SOU GAY - CAP. 2
“É, eu vou fazer o teste para o papel do Peter Pan”, disse eu, para meu amigo Teylon, ele era um mulato pequeno e de nariz redondo, que por sinal era pequeno também, ele tinha os cabelos ruivos. Peter Pan era ruivo, mas também era bem mais alto, tipo eu. E o diretor do teatro estava querendo fazer uma mixagem diferente, ou seja, ter o cabelo da mesma cor que o personagem não ajudava muito Teylon.
Olhei para Teylon com uma certa pena. No minuto em que pus
os meus pés no corredor do colégio, ele veio em minha direção, todo preocupado
me indagando se eu iria hoje à noite no teatro municipal para fazer o teste
para a nova peça que o colégio estava preparando.
“Então talvez eu consiga ser o Capitão Gancho”.
Por isso amávamos Teylon, ele sempre era otimista.
“Já sabe se alguma garota vai fazer o teste para a Wendy?”,
indaguei, caminhando ao lado do meu amigo.
“Ouvi boatos que a Larissa pode ir fazer. O que vai ser
chato. Sabe como ela enche o saco de todo mundo contando do curso de verão que
fez em Nova Iorque. Foi, tipo assim, quando ela tinha 5 anos de idade?”.
Teylon disparou em uma gargalhada maldosa. Eu juntei-me a
ele para rir da idiotice de Larissa. Estava prestes a expor meu ponto de vista
sobre o caso, me preparando para falar mal dela, quando dei de cara com outra
pessoa no corredor.
Bem feito, assim para de falar mal dos outros. Ao me
esbarrar quase cai. A outra pessoa foi pro chão.
“Maluco”, admirou-se Teylon com a violência do impacto.
“Me desculpe” pedi preocupado.
Ao olhar a vítima da minha falta de atenção percebi que era
um garoto, um garoto enrolado em seu roupão. Com o tombo todo o tecido correu
por suas pernas e estava vendo que ele usava uma cueca azul, muito apertada.
Mesmo sem querer eu vi que ele era muito bem dotado.
E não era um simples garoto, era Marcus, o nadador campeão
do colégio. Quando ele foi campeão no ano passado sua foto ficou estampada em
toda a cidade, ele até saiu em um jornal. Era meio impossível esquecer seu
rosto, e pelo fato que era lindo. Marcus era moreno, os cabelos totalmente
pretos, de um negro lindo, ele cortava dos lados, com estradinhas feitas pela
máquina do barbeiro. Os braços, as pernas, o abdômen, enfim, todo ele era
tonificado pela natação. Seu rosto era jovial e inesquecível: nariz fino,
lábios médios e morenos, sobrancelhas longas, queixo redondo, mas com o maxilar
forte, os olhos verdes, mas de um verde tão escuro que eu pensava ser preto,
para ver realmente a cor a pessoa precisava praticamente estar beijando-o. O
rosto em geral era fino e exalava arrogância, praticamente dizendo: sou melhor
que tudo isso. Ele tinha a pele morena, branca, mas bronzeada.
Analisando o perfil de Marcus em geral ele era o tipo de
cara lindo que ninguém consegue esquecer. Os braços fortes estavam segundo com
firmeza o roupão. E ele lançava seu olhar negro-verdeado em minha direção.
“Seu idiota, olha por onde anda, sua anta”, ele se levantou,
“não posso me machucar”.
É claro que a estrela do colégio não poderia se machucar.
“Já pedi desculpa, não precisa usar palavrões” repeti, quase
ofendido. Teylon ficou ao meu lado, assistindo tudo.
“Enfia essa desculpa no seu cu, se eu me machuco sou
afastado da natação e não consigo ir para as finais desse ano. Depois suas
‘desculpas’ não vão pagar minha faculdade” era típico Marcus se irritar como
uma celebridade metida. Espera um momento, enfiar no meu cu?
“Olha aqui” apontei o dedo para o rosto dele “eu não queria
te machucar, Sr. Cinderela e tenha respeito, porque eu não baixei o meu nível”.
“Isso porque você nunca teve nível” Marcus abriu um sorriso
debochado para mim e meu colega.
“A seu moleque, repete o que disse” ao dizer isso me atirei
para cima dele com unhas e dentes.
Teylon foi rápido e me segurou pela cintura, fiquei a pouco
centímetros estraçalhar a cara desse metido com minhas unhas e dentes.
“Gente, pelo amor do Brad Pitt, vamos ficar sossegados”
arfou Teylon.
“Segura seu cachorro porquê parece que ele tá com raiva”
Marcus debochou inda mais de mim. Ele se afastou rebolando sua bunda seca.
Sentia, seu sorriso arrogante batia na minha cara.
“Me solta, já tô calmo” pedi a Teylon enquanto víamos o
idiota ir em direção as piscinas.
“Desejo que morra afogado” gritei para ele, que se limitou a
apontar o dedo do meio, sem se virar. “Cretino”.
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