NÃO SOU GAY - CAP. 18

A aula de história parecia muito mais interessante com a nova professora. Dorota tem paixão pelo que ensina. Eu vi isso em seus olhos. Depois que o grupo de Thales deixou a sala, todos prestaram atenção na aula.

O sinal tocou em cima da hora prevista. Os alunos se levantaram com os livros na mão. Era hora de ir embora. Porém não tive tanta afobação para guardar os materiais na mochila.

"Podem ir na frente", disse para Fabrício, Helena e Teylon, eles ficaram defronte para mim, me esperando.

"Está tudo bem, 'migo'?", indagou Helena, me olhando apreensiva. Dei um sorriso e balancei a cabeça, tranquilizando-a. Meus amigos saíram, os últimos a deixarem a sala.

A professora Dorota estava no quadro negro, apagando as anotações que fez durante a aula. Deixei minha mochila em cima da minha mesa e fui até ela, bastante tímido. Passei a mão na testa suada e respirei fundo.

"Professora?" chamei ficando a alguns passos dela. Minhas mãos tremiam um pouco.

A Profª. Dorota parou de apagar a lousa e se virou para mim, dizendo: "No que posso ajudá-lo...?". Ela terminou a frase arrastando a última palavra, deduzi que isso significava que ela queria saber o meu nome.

"Meu nome é Rafael".

"No que posso ajudá-lo, Rafael?" ela sorriu para mim. Senti um conforto.

"É um assunto pessoal, não tem nada a ver com sua matéria, tem a ver com o que aconteceu hoje durante a aula". Ela ficou me encarando, esperando que eu narrasse logo o que estava acontecendo, respirei fundo e prossegui: "eu estava pensando em me assumir para os meus pais. Eles não sabem sobre mim. E eu estava pensando em fazer isso com o meu namorado junto comigo".

Dei um longo suspiro, pensando na última conversa que tive com Thales. Foi no dia do festival, ele perdeu a competição e brigou comigo.

"Mas acontece que meu namorado, o Thales, ele me xingou depois que perdeu o festival na semana passada; ele não conversou mais comigo depois disso. Agora eu não sei o que devo fazer: me assumir ou não, com o meu namorado.

Eu parei de falar mordendo os lábios, percebi que tinha falando demais. Contudo era tudo o que estava preso dentro de mim. O que estava me remoendo desde a última vez que vi Thales. Agora tinha falado tudo a ela. A Profª. Dorota ficou me encarando, acho que ela pensava que eu era um louco qualquer.

Indo contra todas as minhas expectativas ela se sentou em sua mesa, me chamando para chegar mais perto, e começou a dizer, sorrindo e bondosa.

"Bom, Rafael, eu acho que precisa se assumir por si mesmo. Perfazer o que vai te proporcionar maior felicidade. Na minha opinião qualquer atitude baseada em outras pessoas é uma grande tolice. E, mais uma coisa, a postura que seu namorado tomou não me exprime amor. Doravante preste atenção nesse "amor" que Thales diz sentir."

A Profª. Dorota se levantou, e ficou bem na minha frente, segurando minhas mãos.

 

"Reflita muito bem antes de perfazer qualquer ideia. E repito novamente: doravante preste atenção nesse relacionamento que tem com o outro garoto".

"Muito obrigado. A senhora disse tudo o que eu precisava ouvir".

E realmente era verdade, eu ainda não tinha pensando que deveria tomar qualquer decisão por mim mesmo. Isso era fundamental para que eu pudesse ser feliz. E iria obedecer seu conselho, se Thales me amava mesmo, de agora em diante ele teria que mudar.

Deixei a sala logo depois de minha conversa esclarecedora com Dorota. A primeira pessoa que vi depois de sair da sala foi Thales, como se minha vida estivesse escrita por alguém que me olhava e traçava o meu destino.

"Rafael" ele disse, ao me ver. Fiquei de cabeça baixa e continuei andando. "Por favor, me espera!".

Pensei em esperar, mas logo as palavras da professora voltaram. Comecei a correr e consegui fugir de Thales.


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