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Mostrando postagens de janeiro, 2022

NÃO SOU GAY - CAP. 30

            Dorota me levou para sua casa, como disse que iria fazer ao me ver parado na calçada. Eu fiquei realmente surpreso, e olhei para ela, sem deixar de questionar o porquê dela me receber em sua casa. Eu estava sozinho, perto dos meus dezoito anos, mas não são todas as pessoas que acolhem estranhos em suas casas. Ela quebrou minhas expectativas, esperava que ela tivesse alguma relação emocional com o abandono ou com alguma pessoa homossexual. Um primo, por exemplo, contudo ela só disse "estar fazendo o certo". Eu a abracei por isso e chorei em seu colo. Minha nova mãe, comecei a chamar a Prof.ª mentalmente assim, mesmo que nunca tenha dito nada sobre isso a ela. Fiquei três meses afastado do colégio e quando voltei era férias de junho, para minha sorte. Eu não teria que encarar ninguém depois da humilhação do teatro e da minha pequena estadia na cadeia. Tudo isso já estava para trás, pelo menos gostaria de acreditar que sim. Não tinha aula, isso era bom por um l

NÃO SOU GAY - CAP. 29

Passava do meio dia e eu estava sentado em uma sala pequena, com um guarda na minha frente. Meu estômago doía de tanta ansiedade. Eu sabia que já tinha passado pelo mais difícil, sentar como réu perante a corte do tribunal. Contudo ainda com o estômago estranho, que coisa! Minhas mãos tremiam e o suor juntava por todo o corpo. Eu estava esperando a sentença do juiz. Assim como Marcus. Ficamos na mesma sala, ouvindo o juiz, advogado e todas as outras pessoas que participaram, entretanto não conversamos e novamente fomos separados um do outro. "Fique sereno, meu caro jovem, o juiz não tem provas contra vocês. Perfazemos toda essa burocracia para livrá-los de um presumível envolvimento no julgamento de Thales e Kamylla, o caso deles é de deixar qualquer indivíduo de cabelos em pé!" Comentou o irmão da Profª Dorota. Seu nome era Pablo, mas até então só tinha ouvido Dorota o chamar assim, o restante das pessoas se dirigiam a ele como doutor, senhor ou advogado Sanches Era um

NÃO SOU GAY - CAP. 28

Passei os dois piores dias da minha vida (naquele momento mal imaginava que minha vida seria muito pior do que aquilo depois que conseguisse a liberdade) na cadeia. Não sei para onde levaram Marcus, o resto realmente não me interessava. Marcus não ficou na mesma cela que eu. Tinha quase certeza que o motivo era nosso "crime", as autoridades argumentavam entre si que seria um favor nos prender juntos. Meus pais? Nem sabia mais se tinha ou não família. Tudo indicava que um apocalipse zumbi tinha acontecido e eu, apenas eu, tinha permanecido vivo. No primeiro dia eu passei a noite chorando, fui dormir já era quatro e meia da manhã, ou perto disso. Tudo que eu queria era gritar na cara deles que iria sair por cima de toda aquela porcaria. Que não me importava com a atitude deles. Se iriam me abandonar eu me recusava a fazer a carinha de cachorro vira-lata. Eles que sejam felizes. O Budismo não permitia que eu sentisse ódio deles. Então era isso, aos 17 anos, fui preso acusado d

NÃO SOU GAY - CAP. 27

Dentro de um pequeno quarto escuro, havia um jovem rapaz sorridente. Sua pele morena estava suando, efeito do local fechado e com pouca circulação de ar. Entretanto lá estava seu sorriso, fiel. O rapaz usava uma camiseta preta, igual sua calça e sapatos. A ocasião exigia uma vestimenta similar à de um ninja. O rapaz, que entrou escondido na sala de projeção e trancou a porta com uma cadeira, deslizou a mão pela testa molhada. Que caralho de calor fazia ali dentro. "Vai valer a pena" disse para si mesmo. A descontração estava a tal nível que ele cantarolava uma música de sua autoria. "O mau é um bem necessário... seremos o novo apocalipse..." e assim era a letra fragmentada em sua voz rouca. A batida era forte, a voz tinha que ser ainda mais imponente. Ele sonhava com uma vida de estrela do rock. É claro que se isso não desse certo já havia aquele convite para participar de uma produtora de filmes porn. Filmes porn! Ele tinha o perfil ideal para ser um ator de

NÃO SOU GAY - CAP. 26

       Lá estava eu, sentado na frente do meu espelho, passando maquiagem conforme fui instruído. Por falta de verba não havia pessoal para cuidar de todos os atores, no meu caso eu mesmo conseguia atingir o ponto ideal da maquiagem sem pesar demais nos olhos ou batom. Anos de teatro servem de alguma coisa. E no final, de qualquer madeira, a diretora iria ver todos os personagens, mesmos os vestidos de árvores, para saber se eles estavam de acordo. Caso um olho ficasse diferente do outro, uma equipe reparava o estrago imediatamente, como a diretora mandava. Terminei tudo o que precisava e fiquei olhando no espelho, recitando a última fala da personagem na minha cabeça. Estava nervoso, as mãos suavam com grande desespero. Suspirei profunda e lentamente. O meu dia havia chegado. Depois de todos os ensaios me sentia pronto, embora nervoso. Estava saindo da minha cadeira para vestir o figurino, usava apenas uma cueca enquanto aprontava a maquiagem, quando a porta do camarim se abriu, e

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