NÃO SOU GAY - CAP. 4

     A sala do professor de história, onde eu precisava ir pegar meu caderno que esqueci na última aula, ficava no final de um corredor, onde só havia um velho armário de vassouras e o banheiro dos funcionários, que quase nunca era usado e a wi-fi do colégio não pegava naquela parte tão remota. Por esse motivo o corredor era silencioso e meio parado demais. Fui andando tentando não fazer barulho até chegar na tal porta. Arrumei meu cabelo loiro despenteado diante dos meus olhos, onde Thales havia passado a mão, e pisquei os olhos algumas vezes. Tentando parecer normal, e fingindo não estar muito excitado.

Bati na porta e o professor veio em minha direção, o via pelo vidro. Era um latino de pele bronzeada, de quarenta anos, os cabelos eram grisalhos, sabe aquele grisalho lindo estilo Richard Gere no filme Uma Linda Mulher? Preciso descrever a beleza do professor: ele tinha olhos verdes, a pele, como disse antes, era bronzeada, os olhos brilhavam muito, os músculos das pernas e dos braços eram fortes e largos, usava roupas como: calça caqui e suéter combinando, e tinha lindos óculos. Em uma visão geral meu professor de história parecia um aluno nerd velho, mas muito lindo. O sorriso era branco e largo, sempre sorria e era muito educado. O que fazia sua imagem de nerd ser ainda mais forte.

Naquela manhã meu professor, vou chamá-lo de Estevam, estava usando a habitual calça caqui com um uma camisa jeans. Senti o perfume dele no segundo em que abriu a porta e sorriu para mim. Eu era um de seus alunos favoritos.

— Veio buscar seu caderno, não é, Rafa? — perguntou ele, ainda rindo. Dei um sorriso sem graça. Não gostava de perder ou deixar minhas coisas em qualquer lugar. — Entre. Vou pegá-lo.

Entrei em silêncio. A sala estava com as luzes apagadas. Me questionei o que o professor fazia na sala, com luzes apagadas. Então logo vi que ele estava fazendo um projeto na sua mesa. Fui até lá e apontei para a mesa.

— O que é isso, senhor? — disse. Ficar trancado com ele aumentou o cheiro doce de seu perfume.

— Um trabalho para a universidade que dou aula. É uma maquete com a cronologia da segunda guerra mundial, estou tentando retratar a trajetória dos conflitos em datas. Veja aqui — ele apontou para o primeiro conjunto de imagens e objetos. Eram navios americanos, aviões japoneses e soldados alemães. Tudo com as respectivas cores de suas bandeiras. — Esse é o primeiro ano da guerra. Quero usar essa maquete para provar a meus alunos que ensinar história pode ser divertido. Aqui está o seu caderno.

— Eu posso ficar olhando por um tempo, senhor? — pedi com os olhos brilhando, pegando meu caderno. Estevam era meu professor favorito.

— É claro, mas, por favor, não toque em nada. A cola ainda está fresca.

— Tudo bem — sorri para ele e voltei a olhar o projeto, para ver outro conjunto de soltados alemães e russos.

Percebi que o professor retirou-se de perto da mesa e foi até a porta. Não dei muita atenção: estava interessadíssimo na oportunidade de ver a segunda guerra. Logo ele voltou e tirou os óculos, destacando seus olhos verdes. Não pude deixar de sorrir para ele.

— Você é o meu aluno mais interessado na segunda guerra — comentou o professor olhando em meus olhos. — Entre todos, aqui no colégio e na universidade, você é o mais interessado.

— Acho que um dia vou acabar virando historiador — disse sonhador.

— Se quiser posso te dar algumas aulas... particulares. Só eu e você, lá na minha casa.

— Ah, professor. Muito obrigado, de verdade — quis ser gentil com ele. — Mas estou fazendo teatro agora e depois da aula fico sem tempo.

O sorriso de Estevam não se abalou com a minha resposta.

— Tudo bem, Rafael — ele e eu ficamos em silêncio por um tempo. — Você é um rapaz bonito. Vai ter um ótimo futuro como ator e/ou modelo.

— Valeu — sorri envergonhado.

— Eu não canso de admirar seu lindo cabelo dourado — meu professor se aproximou de mim e notei que suas mãos estavam vindo na minha direção, tocando meu cabelo. Engoli em seco e o deixei por um tempo, pensando em como reagir.

 De repente me lembrei do meu beijo com Thales, eu o amava e não queria que outro homem me tocasse.

— Professor, tenho namorado — dei um passo para trás e peguei meu caderno.

— Aquele moleque? Eu sou um homem maduro. Sei tudo o que precisa saber para subir na vida. Posso te ajudar muito mais do que ele — disse Estevam, enquanto corria até a porta, a passos largos.

— Eu o amo — disse levando a mão até a maçaneta. Girei. Nada aconteceu. O professor começou a rir baixo.

— O ama? O que vocês, meros adolescentes, sabem do amor?  Da química entre dois corpos, de atração. Desejo!

Com a porta trancada, minha única saída, virei-me para olhar o professor e pedir para que ele abrisse a porta.

— Eu vou lhe mostrar o que é realmente sexo e amor — insistiu ele. Em poucos movimentos meu professor abriu sua calça e alisou a cueca. Pude ver seu pau enorme ali dentro, era menor que o de Thales, é claro, mas era grande. A cueca dele era branca e meio transparente, pude ver seu pau moreno. Ele não parou na cueca e tirou o pau. Ele o balançou, a cabeça bem vermelha. As bolas eram lisas, sem cabelos. Meu professor ficou batendo punheta e se aproximando de mim.

Andei de costas até a parede. Ao bater na porta, senti uma bola se formar na garganta, abafando um grito desesperado de socorro.

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