Meu Gêmeo 48 Capítulo

Eu nunca esqueci nenhum detalhe daquela noite, a pior da minha vida. Tudo ficou gravado na minha mente: o jogo de futebol estrondando na televisão propositalmente alta, o cheiro repugnante de cigarros e cerveja pela sala escura, a minha cuequinha vermelha, na cintura fina de um garotinho magricela. Lembrava até que fazia frio, e mesmo assim tinha um ventilador ligado.
Sem dizer nada, depois que meu pai me gritou, fui até a sala vestindo a cueca vermelha.
“Tira isso e sobe aqui. Quero que me chupe,” sua voz ordenou como sempre. Ele estava com um calção de futebol, uma roupa diferente das suas calças sociais do seu emprego comum, onde fingia não ser um filho de uma puta e estuprador pedófilo.
Fiquei pelado, o pinto pequeno congelado de medo, nem saco eu tinha direito, mas a bunda chupada para dentro estava lá, machucada com os horrores das noites anteriores. Subi no sofá e fiquei ao lado do meu pai. Sem dizer nada, ele desceu o calção até a metade das coxas. Ele não tomou banho hoje, lembro de ter pensado isso com uma repulsa crescendo dentro do peito. Era sempre assim, quando minha mãe não estava em casa.
Senti o cheiro do sebo em volta da cabeça do seu pau antes de chupá-la, se eu tivesse jantado alguma coisa, ou almoçado, teria vomitado ali. Por sorte, estava passando fome. Como não queria provar o gosto, segurei cuidadosamente em volta do seu pau, de modo que não descesse a pele lá de cima, de forma alguma. Coloquei na boca, pressionando os lábios de baixo para cima. Descia com a boca aberta, sem querer correr o risco, e subia chupando com força.
O time do meu pai errou o gol, tão horríveis no campo como ele. Meu presente, por esse erro, foi levar um tapa na cara, que amoleceu dois dentes da frente, os últimos de leite.
“Faça direito, seu imprestável miserável,” ralhou ele, me olhando com fúria nos olhos. Não consegui dizer nada, a boca doía muito, com sangue, sebo e saliva.
Com dificuldade, acelerei o ritmo em que o chupava, a experiência me ensinou a ir com tudo, assim não levaria mais do que três minutos e tudo estava acabado. Até aquele momento, não sabia o quanto as coisas poderiam piorar.
Quando ele estava quase gozando, meu pai me levantou pelos cabelos. Sem esperar por aquilo, a pele sobre a cabeça do seu pau duro, roçando no fundo da minha goela, desceu e eu senti o gosto azedo. Junto com o gosto, veio pequenos pedaços da coisa branca, que se desfizeram na minha saliva quente. Engoli fechando os olhos.
“Fica de quatro na minha frente, seu moleque,” ele desgrudou os olhos do jogo, não gostei nada daquilo.
Não houve prazer, pelo menos não da minha parte. Lembro de ter gritado, chorado e implorado pela minha mãe, mas ele não parava. O pau não cabia dentro daquela bunda minúscula, e mesmo assim ele o forçava com prazer. Segurando nos meus ombros e me prendendo em seu corpo. Eu o sentia dentro de mim, centímetro a centímetro, rasgando tudo que encontrava pelo caminho.
Teve um momento em que fechei os olhos e pensei que fosse desmaiar de dor, desejei muito que acontecesse. Era melhor não sentir o pau grosso do meu pai acordado. Nem essa sorte eu tive. Precisei aguentar até o final, o final que demorou mais do que o jogo.
Meu pai gostava da dor que me provocava, do meu choro, tanto quanto gostava da ideia de penetrar o seu filho às escondidas. Um dos detalhes que lembro é de ouvir o narrador do jogo anunciando o gol de última hora do time do meu pai. Ele ficou tão contente que gozou dentro do meu cu, se esquecendo de prolongar meu sofrimento ainda mais. Foi a primeira vez que conheci minha porra, exatamente assim, com meu pai me molestando.
Eu não sentia as pernas depois que ele tirou o pau e o guardou na cueca. Acho que ele disse que tomaria banho e me mandou para o quarto, não estava ouvindo com clareza. Não consegui sair do sofá, dormi ali mesmo, pelado da cintura para baixo.
Minha mãe voltou na segunda, dois dias depois do que meu pai fez a mim. Os hematomas ainda estavam pelo meu corpo, roxos como uvas, mas grandes como mangas, nas pernas, nas partes internas da bunda, em uma costela. Tudo ali. E havia, é claro, o enorme buraco sangrando lá embaixo. Toda vez que ia ao banheiro fazer o número dois, só saía sangue, eu chorava vendo aquela quantidade molhar o papel higiênico. Ficava trancado lá por horas, esperando parar e nunca parava.
Fui até a cozinha, chorando silenciosamente.
“O que aconteceu, filho?” minha mãe largou o copo de água que tomava e ficou de joelhos na minha frente. Ela pegou meus braços, examinando-os atentamente. Depois levantou a minha camiseta, lá estava a costela arroxeada e pequenos hematomas que sumiam dentro do short.
Estranhamente, ela não quis olhar debaixo do short e ver o que realmente tinha acontecido.
“Mamãe,” foi a última vez que a chamei assim. “Mamãe, o pai fez aquilo comigo,” meus lábios tremiam. Esperei a sua reação, imaginei que fosse ficar nervosa e, na melhor das hipóteses, ir embora comigo daquela casa para sempre.
Em vez disso, levei três tapas no rosto. Senti o gosto de sangue dentro da boca, onde havia cortado os lábios.
“Não invente mentiras, Pietro. Não vou admitir um filho viado dentro da minha casa. Não vou admitir essa doença aqui,” ela me segurou pelos ombros e me balançou dizendo: “Pare de inventar mentiras!”.
Literalmente, eu estava sozinho, à mercê da doença do meu pai. Minha mãe continuava saindo de casa e nos deixando sozinho. Eu chorava para ir com ela, deitava no chão e tinha confusões, tudo o que ganhava eram tapas e a sua frase favorita: “Vira homem e para com esse choro!”.
Comecei a considerar a ideia de procurar a polícia. Nos desenhos e filmes idiotas que assistia, a polícia sempre fazia o que era certo, ajudava as pessoas. Uma vez cheguei até a porta da delegacia do bairro, mas tive medo e não entrei para denunciar o que o meu pai fazia comigo. Na minha cabeça, se eles não acreditassem em mim, me bateriam ainda mais igual minha mãe. Ou pior, se um deles tivesse um filho da minha idade, faria comigo o mesmo que o meu pai fazia.
“Precisa de ajuda, filho?” perguntou um estranho vindo na minha direção na ocasião. Acho que estava há muito tempo paralisado em frente à delegacia.
Olhei para ele, sem reparar nas suas feições, e saí correndo. Não deixaria ninguém se aproximar e abusar do meu corpo.
Não houve muita mudança na minha vida até completar quatorze anos. Meu pai seguiu fazendo tudo o que queria comigo, enquanto minha mãe lhe dava sua cobertura silenciosa, fingindo não saber exatamente o que ele aprontava.
Assim que completei catorze, consegui um trabalho de meio período como entregador num supermercado do bairro. Na época, era um mercado grande, mas nada comparado com os monstros do centro. Anos mais tarde, o mercado foi comprado pelo Carrefour, e eu continuei trabalhando lá.
Com o dinheiro das entregas que fazia, consegui dinheiro para entrar na academia. Não era exatamente segredo que eu estava trabalhando fora, só que meu pai não notava, na verdade, se eu estivesse na sua cama, pelado, e fizesse tudo o que ele queria, de quatro como um cachorro a noite inteira, ele não se importava comigo depois de gozar.
Minha mãe ditava a minha vida, como deveria ser, como era e como sempre seria. Não aceitava que eu tirasse nota ruim na escola, para que ninguém ligasse para ela e para não passar vergonha na roda de conversa com suas amigas. Não poderia ter defeitos ou erros na vida social que ela empunha e me arrastava contra a minha vontade. Exigia que eu fosse perfeito em todos os aspectos. Então, desde que cumprisse todas as suas exigências, pouco se importava com o meu pai.
Passados seis meses de academia, eu queria resultados para urgentes. Meu pai continuava me abusando e eu não poderia quebrar a sua cara.
Fiz alguns amigos durante os treinos, Jamilton era um deles, que me disse conhecer um cara que vendia umas paradas ilegais. Conversamos mais sobre o assunto e ele concordou em ir comigo até o apartamento do tal cara. Foi a primeira e última vez que tomei anabolizante. Me senti o próprio Hulk, com os braços cheios, parecendo realmente fortes.
Só esperei meu pai me chamar até o seu quarto, no momento em que ele me pediu para tirar as roupas, caí em cima dele de socos. As drogas não ajudaram muito quando meu pai começou a devolver os socos no meu estômago, com o mesmo olhar de quando me machucava sexualmente. O filho da puta estava gostando daquilo, do mesmo jeito que curtia me foder.
Naquela noite, ele não introduziu o seu pau grosso no meu cu, nada disso, penetrou o meu cu com seu braço, enfiando até o cotovelo. Não sei como ele conseguiu fazer ou tirar lá de dentro, eu desmaiei de imediato, com a dor. Acordei na manhã seguinte, amarrado feito um animal perigoso. Fiquei assim durante todo o resto do final de semana, sem beber ou comer qualquer coisa. Eu não gostava da minha mãe, porém, desejava que ela voltasse com todas as forças que ainda me restavam.
Depois daquela surra, e estupro, levei a academia a sério, sem drogas, até completar dezesseis anos. Com dois anos, consegui muito mais do que os anabolizantes ofereceram. Jamilton sempre brincava que eu pegava pesos demais, que iria pôr a hemorroida para fora. Eu dava um sorriso suado para ele, imaginando que meu pai já tinha feito isso há muito tempo.
Dessa vez eu estava preparado, sabia que deveria estar. Ele nunca mais encostaria a mão em mim. E foi exatamente o que tentou fazer, depois de entrar no meu quarto bêbado, levou a mão até a minha cabeça, provavelmente para me fazer chupá-lo. Segurei em seu pulso e o torci até ouvi-lo quebrar. Meu pai urrou de dor, não terminei aí. O fiz de saco de pancada, descontando anos de abusos. Eu bati nele até mesmo depois que caiu no chão, chutei seu nariz diversas vezes, até se transformar numa massa sangrenta.
“Ah, como eu quero que você vá ao hospital agora,” disse cuspindo no corpo dele. “Quero mesmo. Quando a polícia perguntar quem o agrediu, pode dizer meu nome, dê até o meu CPF para eles, tudo certinho, quando vierem perguntar o motivo da agressão, vou mostrar as marcas no meu corpo, dos estupros que você nunca mais vai cometer.”
O velho não me incomodou durante as duas semanas seguintes, ficou imóvel na cama, para minha alegria. O desgraçado estava agonizando e não queria ser levado para nenhum hospital. Minha mãe teve que encontrar um médico, discreto, que o visitasse.

***

Desviei os olhos da minha cama, me forçando a esquecer das lembranças de Fernando deitado comigo ali. As minhas coisas já estavam prontas, eu não tinha mais nada a fazer naquela casa.
Comecei a caminhar sem um rumo certo, não sabia exatamente para onde estava indo. Meus passos me levaram, sem que eu desse conta, até a casa de Fernando. Parei na sua rua, erguendo os olhos e reconhecendo a vizinhança. Tomei coragem e fui até a sua casa, não precisei chegar muito perto para ouvir gritos. Eles estavam brigando para valer.
Me arrastei até uma janela e espiei dentro da casa, ouvindo a discussão ficar ainda pior. Arregalei os olhos ao ver o pai de Fernando segurar no pescoço da megera e começar a enforcá-la. Aquilo só poderia dar em assassinato. Dei as costas para a janela e continuei seguindo meu caminho. Fernando, traindo minha confiança ou não, já tinha os seus próprios problemas dentro de casa.


Caminhei até deixar o bairro de Fernando para trás, vi que estava perto da rodoviária e senti uma forte vontade de urinar. Fui para lá com a mochila preta nas costas.
Na entrada do banheiro feminino, ouvi a mulher da limpeza gritar: “Vai tomar no seu cu, drogado da desgraça,” para alguém que atrasava o seu serviço. Olhando suspeito para a cena, entrei no banheiro masculino. Me dirigi até o mictório do meio, já havia um cara do lado esquerdo. Relato esse momento porque, enquanto urinava, percebi que o cara estava olhando demais para mim, não exatamente para mim, só para o meu pau. O encarei de volta, mal-humorado.
Sem dizer nada, ele apontou para uma nota de cinquenta reais na algibeira da sua camiseta. Parei de mijar naquele momento, fechando os punhos. Só não bati nele porque ele poderia ter amigos lá fora, e  complicariam as coisas para mim, agora que não tinha mais casa.
Saí do banheiro o mais rápido que pude e voltei a andar pela cidade. Sem rumo certo. Já era quase dez horas da noite quando entrei em algum bairro residencial, com casas mais simples do que o bairro onde ficava a casa do estuprador. Eles sempre moram em casarões.
Ouvi uma senhora arfando enquanto tentava colocar uma cômoda para fora de casa, arrastava pela entrada de carros até a calçada. Era relativamente perto, mas ela fazia um esforço descomunal, e só movia alguns centímetros de cada vez. Os cabelos daquela senhora eram naturalmente negros, embora o seu rosto já estivesse há muito enrugado e suas forças a deixaram. Tinha no máximo 1,60 e parecia estar perdendo suas últimas forças.
Me aproximei dela com um sorriso. “Quer ajuda?” disse olhando para a cômoda. Não cairia o meu braço ajudar uma senhora de idade.
Ela parou o que fazia e me encarou desconfiada, de cima a baixo. Cansada, aceitou a ajuda.
“Era do meu filho, ele morreu num acidente de moto já tem quase um ano,” disse a senhora, observando enquanto arrastava o móvel até a rua. “Estou criando coragem e me desfazendo aos poucos dos pertences dele.”
Não disse nada depois que o trabalho estava feito, apenas olhei para a expressão de tristeza no rosto dela. Ela também começou a reparar em mim, olhei para as minhas roupas, procurando o que ela tanto Observava. Logo vi as manchas de poeira na calça preta, onde tinha encostado na parede na casa de Fernando. Embora aquelas roupas fossem limpas, agora pareciam apenas sujas e velhas.
“Hummm...” fez ela, estava evidente que lutava consigo mesma. “Está com fome? Que ótimo. Acabei de tirar os pães do forno, estão quentinhos. Posso coar um café também, estava mesmo querendo tomar um gole. Vem, vamos entrar,” sua mão só alcançou o meu ombro, enquanto ela me conduzia para dentro da sua casa.
Eu não sei exatamente o porquê aceitei a ajuda daquela mulher. Penso que, se ela entrou no meu caminho, foi para me ajudar. Não estava em posição de recusar a primeira ajuda, talvez a única, que fosse receber em um longo tempo.
Depois que comemos os pães, voltei até a calçada e levei a cômoda para dentro de novo.



Minha vida não ficou nada ruim depois que saí de casa. Eu continuava com o meu emprego de meio período no Carrefour. Zenia, minha salvadora, foi até a minha casa e contou para a minha mãe exatamente onde eu estava e desejava ficar. Zenia pediu para que transferissem a minha matrícula para a escola do seu bairro. Minha mãe não fez qualquer pergunta, apenas aceitou o meu último pedido.
Tudo estava correndo bem. Aos poucos a confusão na minha mente foi se acalmando.
Foi estranho ver Fernando de novo, aqui na minha nova escola. Eu já tinha me conformado com a ideia de que nunca mais reveria meus amigos outra vez. Fiquei feliz quando ele me contou que não foi até a minha casa fofocar sobre nós para minha mãe, mas aquilo não me importava mais. Depois que fugi, poucas coisas realmente importavam.
Aceitei o convite para nos encontramos no sábado, revê-los me faria bem. O bar em que combinamos de nos encontrar ficava entre nossos bairros, para ninguém ter que andar muito. Os vi de longe e abri um sorriso espontâneo, já estavam todos lá, conversando alegremente.
“E aí, pessoal,” disse acenando para eles. 

Comentários

  1. nossa que cap maravilhoso amei, há só pra conta vou ler todos do seu blog pois já amei

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  2. Nossa que monstros são os pais dele

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